"Se Quique Flores ficar, isso é uma espécie de golpe de Estado contra Luís Filipe Vieira.
Quando todos já davam como certa a saída de Quique Flores do Benfica, eis que o senhor dá uma volta triunfal pelo estádio, os jogadores em coro pedem para que ele fique, e em três dias tudo muda no Benfica. No sábado, a saída era certa; na segunda, o clube comunica à CMVM que o treinador, afinal, é para durar. Baralhados? Qual quê! Com este presidente é natural que o Benfica mude de direcção como um catavento.
Recordemos os factos. No início da época, Quique Flores foi contratado por dois anos e não lhe foram estabelecidos objectivos no contrato. Se existisse o objectivo obrigatório de qualificação para a Liga dos Campeões, o Benfica podia agora dispensar Quique com justa causa. Como não havia objectivo, não pode. Contudo, a época foi bastante fraca. A prestação na Taça UEFA foi miserável; ganhou-se apenas uma Taça da Liga sem brilho; e no campeonato o Benfica ficou num inglório terceiro lugar, a 11 pontos do FC Porto. E, mais impressionante ainda, esses mesmos 11 pontos foram os que o clube perdeu contra os 4 últimos classificados da Liga! Perdeu 6 pontos com Rio Ave, Setúbal e Belenenses, e perdeu 5 pontos contra o último classificado, o Trofense! Para ajudar à festa, o treinador alimentou equívocos, e no final não há um único benfiquista que consiga dizer qual é o onze titular da equipa, tal foi a permanente mudança de jogadores.
Portanto, defender a continuidade de Quique é um risco grande. A estabilidade sem objectivos cumpridos é uma estabilidade frágil. Talvez por isso, o presidente Vieira precipitou-se e decidiu contratar um novo treinador, Jorge Jesus. Rezam as crónicas que Rui Costa, o director do futebol, não estava de acordo e pretendia manter Quique. Infelizmente, despedir um treinador a meio do contrato é caro, e a brincadeira poderá custar 3,5 milhões de euros só em indemnizações.
Assim, estamos agora na fase do braço-de-ferro. Empurra-se Quique para fora, mas ele resiste e exige dinheiro! Do outro lado, muitos adeptos e vários jogadores fazem força para que ele fique. Quem vai ganhar: o presidente ou a aliança entre adeptos e jogadores? Desconheço o fim do filme, mas sei que se Quique ficar, isso é uma espécie de golpe de Estado contra Vieira. E se Quique sair, o custo financeiro é tão alto que Vieira fica mais uma vez associado a um negócio ruinoso. Aconteça o que acontecer, Vieira sai sempre mal deste filme. Nada que me espante: este presidente há vários anos que não acerta uma".
Domingos Amaral, Director da 'GQ'
Quando todos já davam como certa a saída de Quique Flores do Benfica, eis que o senhor dá uma volta triunfal pelo estádio, os jogadores em coro pedem para que ele fique, e em três dias tudo muda no Benfica. No sábado, a saída era certa; na segunda, o clube comunica à CMVM que o treinador, afinal, é para durar. Baralhados? Qual quê! Com este presidente é natural que o Benfica mude de direcção como um catavento.
Recordemos os factos. No início da época, Quique Flores foi contratado por dois anos e não lhe foram estabelecidos objectivos no contrato. Se existisse o objectivo obrigatório de qualificação para a Liga dos Campeões, o Benfica podia agora dispensar Quique com justa causa. Como não havia objectivo, não pode. Contudo, a época foi bastante fraca. A prestação na Taça UEFA foi miserável; ganhou-se apenas uma Taça da Liga sem brilho; e no campeonato o Benfica ficou num inglório terceiro lugar, a 11 pontos do FC Porto. E, mais impressionante ainda, esses mesmos 11 pontos foram os que o clube perdeu contra os 4 últimos classificados da Liga! Perdeu 6 pontos com Rio Ave, Setúbal e Belenenses, e perdeu 5 pontos contra o último classificado, o Trofense! Para ajudar à festa, o treinador alimentou equívocos, e no final não há um único benfiquista que consiga dizer qual é o onze titular da equipa, tal foi a permanente mudança de jogadores.
Portanto, defender a continuidade de Quique é um risco grande. A estabilidade sem objectivos cumpridos é uma estabilidade frágil. Talvez por isso, o presidente Vieira precipitou-se e decidiu contratar um novo treinador, Jorge Jesus. Rezam as crónicas que Rui Costa, o director do futebol, não estava de acordo e pretendia manter Quique. Infelizmente, despedir um treinador a meio do contrato é caro, e a brincadeira poderá custar 3,5 milhões de euros só em indemnizações.
Assim, estamos agora na fase do braço-de-ferro. Empurra-se Quique para fora, mas ele resiste e exige dinheiro! Do outro lado, muitos adeptos e vários jogadores fazem força para que ele fique. Quem vai ganhar: o presidente ou a aliança entre adeptos e jogadores? Desconheço o fim do filme, mas sei que se Quique ficar, isso é uma espécie de golpe de Estado contra Vieira. E se Quique sair, o custo financeiro é tão alto que Vieira fica mais uma vez associado a um negócio ruinoso. Aconteça o que acontecer, Vieira sai sempre mal deste filme. Nada que me espante: este presidente há vários anos que não acerta uma".
Domingos Amaral, Director da 'GQ'
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