Será que perdemos a capacidade de nos indignarmos?

Consumou-se ontem, com mais uma derrota, o inevitável afastamento do Benfica da Taça UEFA. Foi uma eliminação humilhante, pois considerando o grupo acessível em que estivemos integrados, não se percebe como conseguimos chegar ao fim da prova com apenas um ponto alcançado e um goal-average francamente negativo de 2-8.

Quique, como não poderia deixar de ser - enalteça-se a sua coragem em ter dito o que disse na conferência de imprensa - mostrou-se indignado com os resultados da equipa e, mais do que isso, com a atitude pouco profissional com que alguns jogadores encararam os jogos. Infelizmente, nos dias que correm, são poucos aqueles que se indignam com aquilo que o Benfica vem fazendo nas últimas décadas. Dá a ideia de que os adeptos estão de tal modo anestesiados com os maus resultados que perderam a capacidade de se indignar, o que é verdadeiramente espantoso e incompreensível. Esta atitude é profundamente masoquista e convinha que fosse explicada para que alguns de nós, aqueles que ainda vão revelando alguma sanidade mental, conseguíssemos perceber o que fundamenta este estado de espírito. É que deve haver uma qualquer razão, por mais obscura que seja, que explique esta impassividade gritante que se apoderou da maioria dos adeptos encarnados. Se houver por aí alguma alma caridosa que me possa elucidar, eu agradecia.