quarta-feira, junho 04, 2008

O castigo da UEFA ao F.C. Porto

Conhecido o castigo da UEFA, vamos certamente assistir a uma campanha de vitimização por parte dos dirigentes e adeptos portistas. Não se cansarão de dizer que estão inocentes em todo este processo, que estão a ser vítimas de uma cabala, que tudo não passa de uma manobra mafiosa orquestrada pelos dirigentes benfiquistas que tudo fizeram para conseguir a condenação do F.C. Porto, que a UEFA estava sedenta de aplicar o novo regulamento e quis fazer do F.C. Porto um exemplo, que só foram condenados porque são de Portugal, um país pequeno, com pouco peso junto dos organismos internacionais, etc e tal. Para darem mais credibilidade à sua indignação não irão faltar os pareceres de juristas consagrados, curiosamente todos eles simpatizantes portistas que obviamente estarão ao lado dos protestos dos seus dirigentes. Só não vão tocar naquilo que interessava ouvi-los falar: da corrupção em que estiveram envolvidos e pela qual foram condenados. Será que as tentativas de aliciamento e adulteração de resultados desportivos não merecem um castigo exemplar? E o que têm a dizer da assunção de culpa ao não recorrerem da decisão do Conselho de Disciplina da Liga? Reconheceram a culpa na altura e agora como as implicações são outras já clamam por inocência? Onde está a coerência?
Todos sabemos em que consistia a tão propalada excelente organização do F.C. Porto: uma máquina muito bem montada que, ao longo dos anos, estendeu tentáculos por tudo o que eram patamares de decisão e influência e que lhes permitiu dominar o futebol português a seu bel-prazer. Quem não se lembra dos "quinhentinhos", das viagens pagas a árbitros pela agência Cosmos, a forma como os jogadores se comportavam em campo intimidando os próprios árbitros (assim de repente lembro-me daquela célebre final da Supertaça realizada em Coimbra em que os azuis-e-brancos perseguiram o árbitro José Pratas duma baliza à outra protestando uma decisão deste sem que este tomasse qualquer medida disciplinar). Isto só para citar alguns exemplos porque muitos mais haveria a destacar. Só os ingénuos poderão pensar que os pecados do F.C. Porto se resumem ao Porto-Estrela e ao Beira-Mar-Porto. Vêm de longe, de muito longe, os méritos da excelente organização que é o FCP.
Faço votos para que estes castigos tenham o condão de colocar o futebol português no trilho certo, dando-lhe a credibilidade que lhe tem faltado e que os amantes do futebol há muito desejam.

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