terça-feira, setembro 25, 2007

Quem já não atura elogios ao rugby levante a mão

"Mais uma palavra elogiosa sobre a selecção portuguesa de râguebi e a sua paixão pela pátria e o seu amadorismo tão profissional e o seu extraordinário esforço e como devemos estar todos tão orgulhosos e como eles são um exemplo para nós - e eu regurgito. A sério. Se os elogios parvos tivessem açúcar estávamos todos diabéticos.
Agradecia que os admiradores do râguebi não me imaginassem já a ser violentamente placado contra um muro de cimento. Juro por todos os santinhos que nada tenho contra a modalidade. Gosto muito de ver os jogos e quase me comovo com a haka neozelandesa. Mas para tudo existe uma medida certa. Sim, os rapazes portugueses são esforçados. Têm o seu mérito. Parecem simpáticos na televisão. Não são dados a peneiras como os tipos do futebol. E cantam o hino nacional com um tal entusiasmo que se Louis Pasteur fosse vivo ainda os vacinava. Mas daí a transformá-los nos maiores heróis da Nação só porque andam num campeonato do mundo a perder os jogos todos (e por muitos) é capaz - digo eu - de ser um bocadinho exagerado.
Dir-me-ão: "Ah, e tal, são amadores, passaram muitos anos a lavar as suas próprias camisolas, e veja onde eles chegaram." Até pode ser. Embora, tendo em conta os estratos sociais de onde vem a maior parte daquela rapaziada, seja bem mais provável que tenha sido a dona Mariazinha ou a menina Svetlana a lavar-lhes a camisola. Mas passemos ao lado das questões de classe, ainda que elas expliquem muita coisa. O certo é que, mesmo tendo em conta os objectivos (modestos) anunciados, a selecção ainda não cumpriu nenhum. Contra a equipa da Escócia os portugueses queriam perder por menos de 30 e encaixaram 56-10. Contra a Nova Zelândia queriam que os All Blacks não chegassem aos 100 pontos e perderam por 108-13. Contra a Itália nem percebi qual era o objectivo e levaram 31-5.
Mas o mais extraordinário é que, percam por quantos perderem, os "lobos" têm sempre garantidas umas festas na cabeça por parte da comunicação social. Título do Público após o 31-5: "Ficou a sensação que era possível derrotar a Itália." Ficou a sensação, ficou. Eu às vezes também tenho a sensação que podia jogar melhor à bola que o Messi. Que podia ser mais esperto que o Bill Gates. E que a Nicole Kidman podia perfeitamente sussurrar-me ao ouvido: "Ao pé de ti, o Tom Cruise é um badameco." São sensações. Não costumo é puxá-las para título de jornal. Mas, de quando em quando, a Pátria dá nisto: elege os seus heróis, fecha as cortinas do pensamento, e chora muito a ouvir o hino nacional. É esquisito. Mas é assim".

João Miguel Tavares
Diário de Notícias

P.S. Eu levanto a mão

3 comentários:

Anónimo disse...

Caros Amigos

Venho com este post realizar uma visita de cortesia. Inaugurei ontem um site temático sobre o Sport Lisboa e Benfica e parece-me correcto e de bom-tom vir apresentar os meus cumprimentos tal como apresentar-me.
Por Favor não confundam este post com SPAM pois voltarei decerto a participar neste fórum e garantidamente não voltarei a falar no meu site para que não haja confusões.

Na realidade somos todos Benfiquistas e num âmbito intersites penso que deveria existir mais cordialidade e por isso aqui dou o meu primeiro contributo a esta ideia.

Espero a vossa visita tal como vos visitarei, tal como vos referenciarei como um site de qualidade temática Benfiquista.

Saudações Benfiquistas

http://www.slbenfica.planetaportugal.com

moderador@slbenfica.planetaportugal.com

PB disse...

Formação do Benfica em alta, vejam em WWW.ROLA-BOLA.BLOGSPOT.COM

LF disse...

Eu levanto a mão !
As toneladas de marketing que esta selecção leva em cima têm muito pouco de amadorismo.
O futebol, com peneiras ou sem elas, ficou em quarto num mundial.
Temos o Nélson Évora, a Vanessa, a Telma Monteiro, que, esses sim ou são campeões ou discutem títulos mundiais.
O Basquete, ainda assim ganhou uns joguitos.
O raguebi ? O que fez o raguebi ?
Cantar o hino também eu sei...