quinta-feira, março 17, 2005

Ainda a avaliação (2).

O colega da escola sugere num comentário que faz a um post meu sobre a avaliação no ensino básico, que eu confundo "classificação" com "avaliação". Engana-se o prezado colega. "Classificação" para mim é a expressão objectiva da avaliação. No sentido mais amplo do termo, classificar significa atribuir valores numéricos a objectos ou acontecimentos de acordo com regras pré-estabelecidas. Teoricamente, toda a classificação é possível e a sua validade depende apenas do critério que preside ao estabelecimento das regras de classificação. O pressuposto fundamental da avaliação educativa está no reconhecimento de que as diferenças individuais existem de facto e assumem por vezes valores substanciais. As diferenças dizem respeito tanto às capacidades que os alunos manifestam no início de uma qualquer aprendizagem como aos diversos níveis de aproveitamento atingidos em sua consequência. Resumindo, nenhum sistema de avaliação, qualquer que ele seja, pode viver sem a classificação.
Por outro lado, o colega mostra-se um acérrimo defensor do processo avaliativo de pendor formativo em detrimento do sumativo. É a velha questão "avaliação formativa versus sumativa" que tantas polémicas tem originado entre os professores. A avaliação formativa distingue-se por uma articulação estreita com o processo de ensino-aprendizagem e desempenha uma acção de controle e ajustamento permanente e simultânea relativamente ao trabalho que está a ser desenvolvido. Em contrapartida a avaliação sumativa é uma avalição de facto consumado. Localizada no termo de uma unidade de ensino, a informação que proporciona já não pode modificar nem o ensino nem a aprendizagem. A apreciação do aluno é feita portanto em termos irreversíveis. Convém no entanto realçar que esta última cumpre algumas funções que não estão ao alcance da avaliação formativa nem são da sua competência, como sejam a atribuição de classificações ou níveis de aproveitamento, a diagnose e a comparação de resultados,etc. Um equívoco frequente está em supor, como penso que fazem muitos colegas, que se avalia em termos formativos quando, com certa periodicidade, se aplicam testes que abarcam capítulos ou partes de uma matéria. Ora a distinção entre avaliação formativa e sumativa não pode ser feita na base da localização da prova ou da extensão da matéria avaliada. Intercalar ou final, a avaliação será sempre sumativa se o professor entender que determinado conteúdo foi "ensinado", que os alunos tiveram já o "tempo suficiente" para aprender uma dada matéria e se estes por sua parte, reconhecerem que o teste já não terá interferência sobre o trabalho realizado. É, pretensamente, este carácter "punitivo" que a avaliação sumativa encerra que assusta alguns pedagogos. E aqui chegado voltamos à "classificação". Para os pedagogos encartados a "classificação" é algo profundamente anti-pedagógico que tem como único objectivo excluir, humilhar e deprimir. Já é tempo de afastarmos estes fantasmas.

2 comentários:

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Pessoalmente, a classificação não é um mal em si, mas é inútil sob o ponto de vista educativo; é a sociedade que exige a classificação, normalmente por motivos de empregabilidade. Por que digo que é inútil? Porque se o professor conseguiu avaliar (subentendo formativamente) o seu aluno, e ele correspondeu melhorando, qual a mais-valia de uma classificação? Claro que este é apenas o meu ponto de vista.

Anónimo disse...

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