sexta-feira, agosto 19, 2005

Miguel e Alex de partida da Luz

Há poucas horas, o Benfica, de uma assentada vendeu dois jogadores, por coincidência dois laterais-direitos. Se relativamente a Miguel, os últimos dados disponíveis apontavam para esse cenário, já a transferência de Alex para o Wolfsburgo foi uma completa surpresa. No caso do Miguel, ao Benfica não lhe restava outra solução que não fosse esta, num negócio que acaba por ser razoável tendo em conta os valores envolvidos (oito milhões de euros). No futuro, dificilmente o Benfica faria um maior encaixe financeiro mesmo que lhe viesse a ser dada razão no final deste processo. A leitura de um comunicado pelo jogador foi uma encenação que serviu apenas para satisfazer as exigências de LFV, pelo que as afirmações nele contidas não merecem a mínima credibilidade, como aliás se veio a provar pelo que disseram, ele e o seu representante logo após a conferência de imprensa. Tal comportamento é lamentável e revelador do carácter desta gente, para quem os fins justificaram os meios utilizados dado que estes serviam os interesses do jogador. Em síntese, considero que a solução encontrada foi a melhor forma de pôr um ponto final num diferendo que não se afigurava de fácil resolução, e cujo términus se arrastaria no tempo com as consequências nefastas que daí adviríam quer para o jogador, quer inclusivé para o próprio Benfica.
Quanto à saída de Alex, esta só se pode entender pela urgência de o Benfica fazer dinheiro. Se do ponto de vista financeiro este terá sido um bom negócio, já do ponto de vista desportivo ele parece-me ruinoso para o clube. No plantel ficamos apenas com um lateral direito que por sinal é um jogador cujo rendimento está longe de ser o ideal. Ademais, como não é crível que se venha a contratar um novo jogador para esta posição, fica a certeza de que se terá de recorrer à adaptação de outro jogador (Ricardo Rocha ou Alcides), que não tem rotina do lugar o que claramente deixa o Benfica menorizado, sobretudo em termos ofensivos.
Acredito que face a todas estas ocorrências, Koeman se mostre arrependido de ter aceite um desafio destes. Fico até surpreendido, pelo holandês ainda não ter dado um murro na mesa e atirado com a porta, cansado que deve estar de todas as promessa que lhe têm sido feitas e que tardam em ser concretizadas. Não duvido que seja necessário muito sangue frio e carradas de paciência para viver uma situação destas. Imagine-se o que faria, por exemplo, Mourinho no lugar de Koeman.
A dois dias do início do campeonato, ao Benfica não se prevê um futuro risonho nesta competição, uma vez que não tem reunidas as necessárias condições para fazer frente aos seus rivais tradicionais, F.C. Porto e Sporting. Se olharmos os plantéis das três equipas, facilmente verificamos, ser o Benfica, aquele que apresenta um conjunto de jogadores mais frágil em termos de qualidade, em especial em sectores chave, como o ataque e o meio-campo (aqui ao nível da construção de jogo). Qualquer adepto benfiquista tem consciência deste facto não se percebendo que os dirigentes encarnados, eles próprios conhecedores desta realidade, tardem em colmatar estas carências. E já só faltam duas semanas para o fecho das inscrições.