quarta-feira, agosto 10, 2005

Benfica: avançado precisa de ser famoso?

Um texto que merece ser lido:
Ponto prévio: o caso Kalou-Feyenoord-Fundo-Benfica parece tão complexo que é impossível ter uma opinião credível sobre o que realmente está aqui em causa. Pelo menos para já.

Mas sobre a busca de um ponta-de-lança para oferecer a Ronald Koeman é possível emitir opinião.

A primeira questão é esta: o Benfica precisa mesmo de um goleador?

Acho que sim, sobretudo depois de ter dispensado Azar Karadas. O empréstimo do norueguês foi um acto arriscado. Quando se tem pouco dinheiro para contratar, como é o caso do Benfica, emprestar primeiro e contratar em seguida pode acabar mal. Depois, Karadas foi um elemento importante na conquista do título. É limitado tecnicamente, mas ninguém duvida da sua utilidade, quando servido correctamente.

Sem Karadas, o Benfica passou a precisar de pelo menos um ponta-de-lança. Nuno Gomes e Mantorras são bons jogadores, mas provavelmente insuficientes para uma época longa e pesada.

Face a esta necessidade, o Benfica apontou alto. Procurou nas reservas dos maiores clubes europeus e tentou conquistar um avançado de nome que apostasse em jogar de forma regular num campeonato menor, em ano de Mundial, embora numa equipa que disputa a Liga dos Campeões.

O tempo tem provado aos responsáveis do Benfica que o nome do clube já impressiona pouco na Europa. Sejamos justos: é muito difícil para um clube português contratar alguém que dispute um dos principais campeonatos da Europa. Sobretudo apresentando escassos argumentos financeiros.

Claro que não custa tentar e José Veiga fez bem em procurar Tomasson. Mas é inevitável que existam outras alternativas, porque um jogador assim é disputado por muita gente. Se o dinamarquês significava classe e experiência, Kalou traria explosão e entusiasmo. Praticamente nada os une, o que legitima a pergunta: saberá o Benfica exactamente o que está a procurar?

Lendo com atenção as declarações de Luís Filipe Vieira, fica a sensação de que o Benfica procura sobretudo um nome para o ataque, alguém que empolgue os adeptos. Pode ser uma análise injusta, mas é a ideia que passa. Contratações como as de Liedson, McCarthy, Deivid ou o próprio Karadas já demonstraram que a fama não é necessariamente a maior qualidade de um goleador.

Ao elevar a fasquia, o presidente faz subir, desnecessariamente, a pressão que ele próprio não suporta, e que o leva a acusar os outros de estarem a diminuir Nuno Gomes e Mantorras, os avançados campeões.

Na verdade, se a instabilidade existe, ela alimenta-se do discurso do presidente. Luís Filipe Vieira anunciou há um mês que o Benfica tinha um avançado contratado, depois pediu respeito por Nuno Gomes e Mantorras, para na Casa seguinte prometer que as pessoas abririam as bocas de espanto quando conhecessem o nome dos jogadores que o clube ia apresentar. Pelo meio, o clube permitiu que Ronald Koeman fixasse uma meta que era impossível cumprir, gerando frustração.

Para já, a única coisa que faz abrir a boca de espanto é o facto de o Benfica permitir que o seu nome seja citado diariamente na história de Kalou, um processo de contornos mal explicados, sem que alguém na Luz avance uma justificação.

P.S.: Existe um problema no ataque do Benfica, mas isso não significa necessariamente que a culpa seja de Nuno Gomes e Mantorras. A equipa tem dois extremos que jogam da linha lateral para dentro e médios que não entram na área, apenas rematam, sempre de longe. Na prática, o avançado passa os jogos sem um verdadeiro cruzamento, sem um passe «de morte», condenado a uma luta desigual com os centrais. Dito de outra forma, o melhor ponta-de-lança do mundo melhoraria sem dúvida a qualidade do jogo. Mas não resolveria tudo.

1 comentário:

O Pi@d@s disse...

Eu acho que se devia dar uma oportunidade ao... João Ribas!
;-)