"A Benfica TV gerou um lucro líquido de 17,1 milhões de euros na época passada, a primeira em que o canal transmitiu os jogos caseiros da equipa na Liga portuguesa e ainda os encontros do campeonato inglês. A expectativa é que no próximo ano haja “um aumento interessante” das receitas, disse Domingos Soares de Oliveira, administrador da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica, num encontro com jornalistas.
Como o PÚBLICO já tinha avançado, o canal televisivo do Benfica gerou em 2013-14 receitas brutas de 28,1 milhões de euros e teve custos de 11 milhões. O saldo líquido é de 17,1 milhões de euros. Um valor que pode ser olhado de várias perspetivas: é mais do que o dobro do que a Olivedesportos pagava (7,5 milhões anuais), mas, por outro lado, é inferior à proposta que a empresa de Joaquim Oliveira tinha feito para continuar a deter os direitos dos jogos do Benfica no Estádio da Luz (111 milhões por cinco épocas, uma média de 22,2 milhões por ano).
Outra forma de comparação é olhar para o que teria acontecido caso Benfica e Olivedesportos tivessem renovado o contrato. Ao que o PÚBLICO apurou, na prática os 111 milhões do novo contrato seriam pagos em sete épocas: em 2011-12, a empresa de Joaquim Oliveira acrescentaria outros 7,5 milhões ao valor que estava previsto no anterior contrato (somando ao todo 15 milhões), em 2012-13, acrescentaria 8,5 milhões (total de 16 milhões) e em 2013-14 pagaria 17 milhões, aumentando depois um milhão de euros por ano até 2018. Neste caso, os 17 milhões de resultado líquido da Benfica TV no primeiro ano da sua nova operação é exatamente igual ao valor que a Olivedesportos teria pago em 2013-2014.
Seja como for, a expectativa do Benfica é que as receitas da Benfica TV aumentem no próximo ano. “Se a tendência for a do ano passado, não há dúvida que as receitas terão um aumento interessante”, disse o administrador financeiro, recusando falar em números. Apenas admitiu que os 40 milhões de euros que o Benfica chegou a colocar como o valor justo pelos seus direitos televisivos não é possível de alcançar “em termos imediatos”.
Durante a época passada, o canal benfiquista atingiu um pico de assinantes acima de 300 mil. “A única vantagem é que este ano não partimos do zero, mas dos 200 e tal mil”, acrescentou Soares de Oliveira, antecipando logo aí um aumento de receitas na época em curso.
O número de assinantes – formado maioritariamente por benfiquistas – foi tendo oscilações ao longo da época, com os períodos de jogos com o Sporting e FC Porto a coincidirem com picos de assinaturas. Para maximizar o número de subscritores, o Benfica não fecha a porta a reforçar os conteúdos que transmite, sejam mais jogos de campeonatos (atualmente detém as ligas inglesa, grega e americana), sejam até encontros de seleções. “Nunca deixaremos de olhar para oportunidades que possam existir no mercado”, disse Soares Oliveira, explicando que a regra é não comprar “conteúdos que não sejam possíveis de rentabilizar”. E será que o Benfica concorreu aos direitos em canal fechado da Liga dos Campeões? “Mesmo que tivéssemos apresentado [uma proposta], estando a decorrer processo negocial, não poderia confirmar”, respondeu o administrador benfiquista.
Numa conversa sobre as contas de 2013-14 (que o Benfica fechou com um lucro de 14,2 milhões, como já tinha sido noticiado) e aprovadas nesta sexta-feira em Assembleia Geral da SAD, Soares de Oliveira admitiu, por outro lado, que o clube não foi surpreendido pela decisão da Portugal Telecom, que no final da época deixará de patrocinar as camisolas dos três “grandes”. O administrador da Benfica SAD avançou que decorrem “negociações avançadas” com várias empresas nacionais e estrangeiras para o patrocínio das camisolas da equipa principal. Em cima da mesa estarão valores superiores ao contrato com a Portugal Telecom, disse o administrador benfiquista, sem revelar qual o montante que a PT paga – rondará os 4,5 milhões, segundo o Jornal de Negócios.
Nota ainda para a subida dos custos com pessoal para os 63,2 milhões de euros (cinco milhões devem-se a prémios, quatro milhões a acréscimos nos salários do plantel e dois milhões a ordenados na Benfica TV e museu).
Registo, por outro lado, para o Benfica continuar aberto a vender o nome do estádio, para a quebra nas receitas de bilheteira (especialmente nas competições europeias) e para o crescimento da dívida bancária para os 307 milhões de euros (era de 256,7 milhões na época passada).
Quanto ao colapso do BES, Soares de Oliveira diz que nada mudou a não ser o nome do acionista (o Novo Banco detém 7,97% da SAD benfiquista) e que mantém “uma relação estável” com o banco. Dificuldades no acesso ao crédito? “Não temos pedido”, respondeu o administrador, afirmando, por outro lado, que a distribuição de dividendos aos acionistas só pode ser ponderada quando a SAD regressar aos capitais próprios positivos – no final da época, eram negativos em 8,4 milhões, configurando o que habitualmente se designa como falência técnica".
Público
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