quinta-feira, outubro 22, 2009

Monsanto na Europa

"O jogo com o Monsanto, para a Taça de Portugal, já tinha vinte e tal minutos e ia escorregando perigosamente para o país do sono. Num excesso de simpatia para com os colegas da segunda divisão, que afinal é a terceira (e, já agora, não seria de destrocar esta trocada nomenclatura?), os craques do Benfica passeavam como turistas de pitons sobre a relva verdinha. Muitos sorrisos, calma a mais, jogadas em câmara lenta. No meu sofá de sofredor, eu repetia para dentro “vai correr tudo bem, vai correr tudo bem” como quem tem medo que assim corresse tudo mal, muito mal. “Aposto que vamos dar cinco”, dizia em voz alta, para chamar a sorte. Mas só pensava que, daquela maneira, atrasando assim os futebóis, mesmo ganhar não seria muito fácil.

E por isso é que aquela inspiração do nosso Miúdo Menezes foi tão de alegrias. Ainda no miolo do campo, na zona da conversa mole, o nosso brasileiro pega na bola com o pé direito e começa a entornar o relvado para o lado contrário. Os monsantanenses até se desequilibraram a olhar para aquilo. Menezes passa por um, dois, três e depois, mesmo antes que lhe caia uma molhada de cinco ou seis em cima, puxa do pé esquerdo e empurra o belo esférico para golo. Pronto. A partir daí, é História, seis golitos. Um ver-se-te-avias que até ultrapassou a minha aposta optimista.

Aqui fica uma palavra para Carlos Martins, o nosso samurai, que continua a comandar com raça sempre que é preciso. E dez palavras para o resto da equipa, que provou a tese de Jesus: no Benfica não há mesmo suplentes.

Mas, se começámos a conquistar Portugal, agora há que reconquistar a Europa. É já amanhã, contra o Everton. Para o confronto com os ingleses, estas lições de humildade e paciência são muito úteis, claro. Mas proponho que juntemos à receita uma boa dose de picante, ousadia, ambição e querer-mais. Em princípio, regressa o nosso supermaestro Aimar, o imprescindível mestre-sala Ramires e o matador Cardozo. Não sei se Jesus já tem os nomes fechados, se já formou o “governo” para este novo desafio europeu. De qualquer modo, deixo aqui a minha modesta dica de adepto. Mister, que tal mostrar alguma abertura à “sociedade civil” e experimentar o Coentrão a titular".

Jacinto Lucas Pires, JN

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