quarta-feira, novembro 23, 2005

Lille - 0 - Benfica - 0

Ao ter apresentado a equipa que apresentou, Koeman arriscava-se, no mínimo, a duas situações: caso perdesse seria crucificado por ter delineado uma táctica suicida que, entre outras coisas, revelava uma manifesta falta de ambição; em caso de vitória, a sua táctica seria considerada genial pois não é todos os dias que um treinador tem a coragem de colocar 4 centrais a jogar de início, sobretudo num jogo em que a equipa tem absoluta necessidade de vencer (Mourinho fê-lo o ano passado, com êxito, frente ao Bayern de Munique, na Liga dos Campeões). Acontece que nenhum destes resultados se verificou no final do encontro. O resultado foi um empate, o que obriga o Benfica a ganhar o derradeiro jogo contra o Manchester para seguir em frente na prova. Um empate nessa partida poderá dar-lhe a possibilidade de chegar ao 3º lugar – tudo dependendo do que acontecer no jogo entre o Villarreal e o Lille -, e, assim, ganhar um lugar na Taça UEFA que constituiria o menor dos males. Por aquilo que temos visto e tendo em conta as lesões em jogadores nucleares, não vai ser fácil, muito longe disso, o Benfica alcançar um desses resultados frente ao Manchester. Ainda por cima, quando os ingleses não podem perder essa partida. Quer-me parecer que só uma noite de grande inspiração poderá permitir que o Benfica alcance o seu principal objectivo.
Confesso que eu próprio fiquei surpreso com a constituição do onze encarnado. Como se esperava, as rádios e as televisões foram unânimes na crítica ao holandês. A maioria da massa adepta benfiquista também não terá ficado minimamente satisfeita (muitos terão visto as suas expectativas defraudadas), uma vez que apresentar em campo uma equipa com 8 defesas, tornaria mais difícil a tarefa de vencer o jogo, quiçá mesmo, dependente de um golpe de sorte ou de um lance de bola parada. Acontece que o jogo terminou empatado e, pelo menos para já, Koeman livra-se de ser esmagado na praça pública, dado, que, apesar de tudo, este resultado ainda permite acalentar esperanças quanto à qualificação. Seja como for, a pergunta não deixará de ser colocada: será que um escalonamento inicial, com jogadores de características mais ofensivas – Geovanni, Karyaka, por exemplo – o Benfica não teria tido mais possibilidades de ganhar o jogo? Sinceramente tenho dúvidas. Com o frio que se fazia sentir, com o estado do próprio terreno e pelo que têm mostrado esses jogadores nos jogos que têm realizado, tenho para mim que, não só não ganharíamos, como ficaríamos mais perto de perder. Provou-se que esta noite era necessários jogadores de combate e não jogadores macios e pouco dados a tarefas defensivas, como eram o caso desses dois jogadores. Ademais, Geovanni e Karyaka têm estado muito aquém daquilo que lhes é exigivel. Restava Manuel Fernandes que seria uma hipótese no lugar de Beto, mas ele é um jogador com as mesmas características de Petit e do brasileiro e, como foi notório em Braga, está longe da boa forma. Aliás, deve dizer-se em abono da opção de Koeman, que Beto terá sido inclusivé das melhores exibições encarnadas no jogo de hoje. E se olharmos para o que tínhamos no banco - para além dos jogadores referidos e de Mantorras que acabou por entrar – até dá vontade de chorar, perante tão fracas opções. Por muito que custe a muito boa gente, em particular aos adeptos encarnados, o Benfica tem um plantel - não me canso de dizê-lo -, de parca qualidade que nalgumas posições chega a ser confrangedor, para uma equipa que persegue tão ambiciosos objectivos. Sem Simão (por quem passa todo o futebol ofensivo da equipa), sem Karagounis, novamente sem Miccoli, com Quim preso por arames e Moreira no estaleiro, sem um médio construtor de jogo, sem flanqueadores de nível aceitável, reduzido a um ponta-de-lança, o que é que se pode exigir a esta equipa tão cheia de limitações? Culpar exclusivamente Koeman pelo insucesso da equipa é demasiado redutor e injusto. Outros há, a quem cabem mais responsabilidades. O que se passa com o departamento médico que dá como aptos jogadores que depois se vêem que não estão em condições? E as responsabilidades de José Veiga e Luís Filipe Vieira na construção do plantel? Terá sido por causa dos treinadores que passaram pelo Benfica nestes 12 últimos anos, que só fomos campeões um única vez? E mesmo quando isso aconteceu não foi Trapattoni vítima das mais veementes críticas, tanto assim foi que a maioria queria a sua saída? Nas últimas duas décadas, despedimentos de treinadores no Benfica, aconteceram com demasiada frequência e com os resultados que se conhecem. Pelos vistos parece que não bastou!

4 comentários:

Pedro disse...

Enfim...eu devo perceber mesmo muito de futebol ..

Se Alcides cada vez q passava do meio campo partia a defesa toda do Lille o q um Geovanni apoiado pelo Nelson não fariam.... Dizer q com outro 11 o SLB perdia o jogo é não perceber nada de futebol. Até aceito o 11, não aceito a postura impávida de Koeman (e dos adeptos) com o decorrer do jogo.
É óbvio q se Koeman tivesse dado técnica e velocidade à equipa na segunda parte (pelo menos) o SLB ganhava sem problemas o jogo.

E dizer q Beto até foi dos melhores é uma grande critica q fazes ao Koeman e nem te apercebes disso: em q posição jogou Beto???

karadas disse...

Realmente é verdade: Alcides fez mais num jogo, do que Geovanni fez até agora nos muitos jogos em que participou.
Isso de se dizer que com jogadores de outro indíce técnico teríamos ganho o jogo, carece de comprovação. Em Braga e em Vila de Conde, por exemplo, eles estiveram lá e não me parece que tivessemos ganho esses jogos. Ou será que ganhámos?!

NP66 disse...

Ouvi dizer que o Koeman, se tivesse mais guarda-redes disponíveis, teria considerado seriamente a hipótese de colocar um deles ao lado de Nuno Gomes... :P

Mas, a sério, foi pena: acho que o SLB desperdiçou uma excelente oportunidade!

karadas disse...

Obviamente que não foi em Vila de Conde mas na Luz!