quarta-feira, fevereiro 09, 2005

A indisciplina na escola (2).

As manifestações de indisciplina nas nossas escolas, seja na sala de aula, seja no recinto escolar, tornaram-se uma rotina quase diária para qualquer professor. E elas vão das formas menos graves às formas mais graves. Se as primeiras, são o pão nosso de cada dia, as segundas, têm vindo a acentuar-se, atingindo, nalguns casos e, em algumas escolas, níveis preocupantes.
As causas da indisciplina estão devidamente identificadas. A principal, reside na família, onde os alunos adquirem os modelos comportamentais que exteriorizam na escola: quase sempre os alunos mais indisciplinados são aqueles que provêm de famílias onde ela não existe. A segunda decorre daquilo que a Escola representa para muitos alunos: seca (esta, é aliás, uma das palavras mais utilizadas no seu vocabulário); a escola exige-lhes valores com os quais eles não se identificam - esforço, empenho, dedicação, algo que está nos antípodas dos seus ideais de vida que se inspiram no primado do lazer e do prazer. A tutela tem também uma grande quota de responsabilidade: não apenas através da regulamentação que produz sobre a matéria, mas também das medidas avulso que toma ou da morosidade dos processos que aprecia, que funcionam como um estímulo à indisciplina. Finalmente, temos as escolas que não estão preparadas para fazer face a esta questão: a começar nos professores que não têm formação para tal ( a escola não pode ter a veleidade de pretender substituir os pais na educação dos seus filhos: não se pode exigir aos professores que sejam ao mesmo tempo professores, pais, mães, assistentes sociais, psicólogos e, às vezes, até polícias!), e a acabar nos conselhos executivos que não sabem ou não querem, exercer a autoridade de que dispõem por inerência das funções que exercem.
Tal cenário é intolerável e exige do Ministério da Educação medidas vigorosas e consequentes que ponham cobro a esta situação.
Para acabar, não posso deixar de dizer que os mandamentos pelos quais a nossa Escola se tem regido nas últimas décadas (um dos quais é a sistemática vitimização do aluno) têm contribuído largamente para este estado de coisas.