quinta-feira, março 09, 2006

Benfica faz história

Memorável vitória encarnada ontem em Liverpool. Sim, porque não é todos os dias que se elimina o campeão europeu, derrotando-o na sua própria casa e no desfecho da eliminatória se consegue um score favorável de 3-0. Não é para todos, muito menos para os clubes portugueses que até ontem nunca tinham conseguido desfeitear o Liverpool, em Anfield Road. Só por isto dá para ter uma ideia da dimensão desta vitória. Para o Benfica este feito torna-se ainda mais importante porque desde há muito anos que o clube não se via nestas andanças, nomeadamente numa fase tão adiantada da Liga dos Campeões. Seria bonito que esta vitória significasse o renascer do Benfica europeu, algo a que o seu historial obriga e que os adeptos tanto anseiam. Vontade não falta ao nosso presidente. Veremos se estes desejos se concretizam e voltaremos a ter o Benfica na alta roda do futebol europeu.
O Benfica acabou por superar as melhores expectativas. Estou em crer que poucos acreditavam no sucesso da equipa, ainda para mais quando se soube que Petit não iria jogar. Verdade se diga que a sua ausência pouco se fez notar, tal a atitude posta em campo pelos seus colegas. Não houve um único jogador encarnado que pisou o relvado de Liverpool que não se comportasse como um verdadeiro campeão. Foram sobretudo brilhantes na atitude, na forma abnegada como se entregaram à luta e na inteligência táctica com que souberam posicionar-se em campo. E neste particular Koeman esteve à altura dos acontecimentos: sagaz na forma como colocou as suas pedras em jogo bem como na forma como foi intervindo no jogo, acertando nas substituições e no timing em que elas deveriam ser feitas.
O Liverpool iniciou o jogo instalando-se no meio-campo do Benfica, não com a acutilância esperada mas, ainda assim, criando algumas oportunidades que não conseguiram concretizar, umas vezes por manifesta infelicidade dos seus jogadores, outras, graças a excelentes intervenções de Moretto e da defesa encarnada. Durante este periodo que durou cerca de 20', o Benfica chegou e tremer mas conseguiu não soçobrar. A partir daqui o Benfica, superado que foi o nervosismo inicial, conseguiu a pouco e pouco sacudir a pressão, assentar o seu jogo e aqui e ali começou a importunar o último reduto do adversário. Isto teve o condão de refrear os ímpetos ofensivos dos ingleses que se mostraram sempre receosos do contra-ataque encarnado. A subida no terreno permitiu que Geovanni numa jogada de insistência roubasse a bola a Carragher, a endossasse a Nuno Gomes que por sua vez a colocou nos pés de Simão e este num golpe de génio desferiu um remate em arco ao qual Reina não soube responder. Este golo veio dar ainda mais tranquilidade ao conjunto encarnado e, ao invés, uma enorme machadada nas aspirações do Liverpool que se via na obrigação de marcar, pelo menos, 3 golos. Se os ingleses já denotavam dificuldades na organização das jogadas ofensivas, a partir do golo sofrido o seu futebol passou a ser bastante previsível com sucessivos cruzamentos para a cabeça de Peter Crouch, o que facilitava a tarefa à defensiva encarnada que de frente para a bola, lá ia resolvendo os lances com maior ou menor dificuldade. E assim se chegou ao intervalo. Na 2ª parte os ingleses mantiveram a mesma toada, abusando do futebol directo mas encontrando na defesa encarnada uma muralha praticamente intransponível. Neste particular, Luisão e Anderson constituiram-se como elementos cruciais pela forma eficaz como anularam os pontas-de-lança do Liverpool. A meio da 2ª parte, Koeman, revelando uma óptima leitura das incidências do jogo, fez entrar Karagounis e aí o futebol encarnado ganhou outra dimensão: maior segurança no passe e no controlo da bola, o que permitiu que o Benfica se atrevesse mais nas acções ofensivas. Mais tarde colocou Ricardo Rocha que veio dar ainda mais segurança à defesa enquanto a entrada de Miccoli acabou por revelar-se decisiva, dado que o italiano acabou por marcar o 2º golo e acabou de vez com as pretensões do Liverpool.
Agora nos quartos-de-final esperemos que o sorteio nos seja favorável. É que das equipas ainda em compita, há algumas claramente indesejáveis. Barcelona, Juventus e Milão são adversários do mais alto quilate que não nos convinha nada apanhar pela frente. O próprio Lyon é uma equipa muito complicada, provavelmente um dos mais sérios candidatos à vitória final. Sobram Arsenal, Inter e Villareal. Arsenal e Inter são conjuntos com grandes valores individuais, é certo, mas que têm falhado como colectivo e, por isso, também se podem constituir em adversários ao alcance do Benfica. Ainda assim, de entre estes três, prefiro os espanhóis com quem já medimos forças e provámos que em nada lhes somos inferiores. Seja quem for que nos calhe em sorte, o Benfica não tem nada a recear, pois o principal objectivo foi alcançado. A eliminação do Liverpool já foi um bónus, pelo que a próxima eliminatória deve ser encarada com tranquilidade, sem que isso signifique falta de ambição de vencer.

2 comentários:

Sarrafeiro disse...

Karo Karadas, parabéns pela passagem aos quartos. Foram a melhor equipa no conjunto das duas mãos. nada a dizer.
compreende-se a alegria e, até um pouco, a euforia. Não se compreende a falta de humildade e o não saber ganhar. especialmente se se tratar de uma equipa estrangeira. logo lerás!
um abraço e parabéns!

Apre disse...

Sem duvida memorável.

Achei o jogo fácil, não há nada como jogar contra um eterno carrasco década sim, década sim, pois ao fim de 80 anos lá se consegue a primeira eliminação!
Mas PARABÉNS!

ATÉ PARECIAM O FC PORTO!!!