quinta-feira, abril 05, 2012

Faltou-nos Marx

"A tarefa era difícil. Entre lesionados e poupados Jesus preocupou-se com a defesa. Falhou na teoria. Se os jogadores tivessem passado a última semana a estudar Marx, teriam entrado em campo mais preparados.
Vendo as duas partidas fica-se com a sensação que somente aos 130 minutos da eliminatória - uma grande penalidade roubada, outra inventada e um vermelho depois - os jogadores perceberam que não enfrentavam 11 homens de azul. Enfrentavam os mercados, o share, o lucro de alguns protegido por esse exclusivo bando de malfeitores que se reúne sob a sigla UEFA. O povo denunciava-o nas bancadas gritando o nome do patrão da organização, e traidor de classe. Marx entenderia esta partida como mais um episódio da luta de classes em que a justiça, representada pelo árbitro, cumpria o seu papel histórico ao lado dos mais fortes. Damir Skomina de seu nome, à primeira oportunidade não hesitou em expulsar Maxi Pereira, o operário de tantas lutas no flanco direito e quando tudo fazia crer que fosse "Chuta-chuta" o mais fácil de apanhar na teia.
Na segunda parte já ninguém duvidava que se assistia a algo que era mais que um jogo.
O Benfica até podia ser eliminado, mas os jogadores percebiam o valor simbólico de um exército desarmado (Montalban descrevê-los-ia assim) de 10 homens de vermelho a lutar ao som dos cânticos, dos nossos, nas bancadas. Do nosso lado da barricada apenas temos que lamentar a falta de formação ideológica do jovem Nélson Oliveira arrevesando uma extraordinária acção colectiva que podia ter dado o 1-2.
No final do jogo, Luís Filipe Vieira, o melhor presidente do Benfica do pós-25 de Abril, não esqueceu que o jogo havia sido transmitido para todo o mundo. Da Grécia a Portugal pelo lado mais longo, abraçou-se o mundo deixando clara a mensagem mais importante nos tempos que correm: quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre.
Aimar (grande Aimar!), no final, colocou a questão política certa. É "outra vez o mesmo", disse, "o que tínhamos de fazer, fizemos".

2 comentários:

Minha Chama disse...

Havia uma missão do people dos apitos e UEFA...

A final está marcada e reservada para o blaugrana vs Blanco...

Mas foi uma grande exibição.
Não houve qualquer dúvida.
Provou-se que Matic é uma excelente opção, que Capdevila é o lateral esquerdo.

Emerson, mas que jogo enorme a central! Desinibido, com faro de caçador na antecipação e no desarme. Não foi comido uma única vez. Poderão argumentar que Torres foi um fantasma, mas Emerson lá estava sempre. Penso que agora teremos de entender se Emerson terá o mesmo rendimento na lateral. Honestamente penso que não.

Só um pequeno senão: Nélson Oliveira. Penso que ele é egoísta quando virado para a baliza.

http://aminhachama.blogspot.pt/2012/04/michel-platini.html

Daniel Silva disse...

Grande texto que prova todas as injustiças que ano após ano são cometidas na competição que, supostamente, devia ser a maior e mais justa do mundo. Este ano calhou-nos a nos mas não é por esta derrota que deixo de apoiar e acima de tudo amar o grande Benfica!