sábado, novembro 27, 2010

O que se passa com o Benfica?

"Quais as semelhanças entre Portugal e o Benfica nesta altura? Sem grande esforço, identifica-se várias. À cabeça está a situação em que o País como o clube se encontram. Ambos avançam numa caminhada repleta de falhanços, de maus planeamentos, de decisões erradas, de lógicas imediatistas em que o curto-prazo se sobrepôs à visão com futuro.
Um e outro criaram sonhos e fomentaram ilusões que desabaram no confronto com a crueza da realidade, gastando o que tinham e o que não tinham. Os dois alavancaram a esperança e assassinaram-na com as próprias mãos. Portugal e Benfica são duas faces da moeda do novo-riquismo que conduziu ao desvario, que agora apresentou a factura. Dir-se-á que exagero e que enveredo por uma atitude derrotista. Não se trata disso. Reconhecer a verdade é doloroso mas constitui o primeiro passo para a compreensão dos factos. Amo o meu país e nunca escondi a paixão pelo Benfica.
Desejo o melhor para os dois e procuro não me enfiar na areia quando o momento exige que a ponderação se instale e a acção regeneradora se desencadeie. Não alinho nos oportunismos de ocasião, que fomentam climas oposicionistas sem substância nem sentido e desencadeiam os instintos simplistas e estéreis que só sabem atribuir culpas e ver no corte de cabeças as soluções para os problemas, ocultando ambições e interesses de natureza estritamente pessoal. Na hora das dificuldades, desembainhar a crítica, pô-la a ferver e enveredar pelo ataque é manobra fácil, conveniente e até cobarde
(...)O caso do Benfica é estranho. Viveu a euforia de ser campeão na época passada mas neste ano parece que a sua equipa não é a mesma.
A verdade é que, com excepção de dois jogadores, todos os outros se mantêm. Também o comandante não mudou. Por muito influentes que fossem os atletas vendidos, houve substituições e muito dinheiro investido. Serviu para pouco. Há quem atribua à má planificação da época o comboio de malogros. Talvez assim seja. Mas é importante que, ao contrário do País, a sensatez impere e, em vez de uma fuga para a frente sem rumo, se comece a organizar o futuro. Tal como Sócrates, só por milagre Jorge Jesus não está a prazo. L.F. Vieira certamente intui isso, e teve a prova de que o dinheiro não resolve tudo. Ao contrário do primeiro-ministro, tem de saber fomentar a união entre benfiquistas. É nos dias de tempestade que se mede a têmpera dos homens".

José Eduardo Moniz
CM

1 comentário:

Seismilhoesum disse...

Existem alguns meninos que se acham superiores ao clube que lhes paga. Ninguém lhes pode levar a mal que como mercen ... perdão, profissionais, queiram melhorar as condições monetárias (independentemente de melhorar a carreira desportiva ou não) maaaaassss ... enquanto estiverem no clube que lhes paga é OBRIGAÇÃO de darem o máximo pois para isso assinaram em devida altura! E MAIS NADA!