domingo, fevereiro 19, 2006

Benfica à beira do abismo

Depois do embate em Guimarães penso que ficou claro que o Benfica já não tem condições para lutar pela reconquista do campeonato. Para que as esperanças subsistissem era imprescindível uma vitória sobre os vimaranenses. Como a derrota veio a ser o desfecho final, o campeonato para nós terminou, restando-nos agora lutar por um lugar europeu que não é líquido que seja a Liga dos Campeões. O resultado de hoje aconteceu com toda a naturalidade. Era aliás previsível face às exibições que o Benfica vinha fazendo nos últimos tempos. Eu próprio o fui dizendo neste espaço. Fui acusado de pessimista crónico e de não perceber nada de futebol. Pelos vistos a razão estava do meu lado. Não que isso me envaideça, antes pelo contrário. Tomara que estivesse enganado. Infelizmente os meus receios vieram a confirmar-se.
Num jogo do tudo ou nada pedia-se aos jogadores encarnados uma atitude diferente daquela que revelaram nos primeiros 30' da 1ª parte. O V.Guimarães entrou em campo a todo o gás mostrando-se melhor adaptado ao estado do terreno e dominando claramente a partida. O Benfica, ao contrário, revelou-se medroso, desorganizado, pouco combativo e completamente inadaptado face às péssimas condições do relvado. Quando acordou já se encontrava a perder. E se a atitude melhorou a qualidade do futebol nem por isso. A prova evidente de tal desinspiração, está patente no pouco ou nenhum trabalho a que Nilson foi submetido. Lembro-me apenas de duas oportunidades de golo esbanjadas e ambas por Nuno Gomes: exasperante a lentidão no primeiro lance; remate desastrado, no segundo lance, quando se encontrava junto à pequena-área vimaranense. Tudo o mais, foi um deserto de ideias e de incapacidade futebolística. E para ajudar à festa, Ricardo Rocha ofereceu dois golos. Num curto espaço de tempo que, curiosamente coincidiu com as contratações de Inverno, o futebol encarnado descaracterizou-se por completo. Não há fio de jogo, não há qualidade, não há vontade, não há nada. E pior do que isso, não há equipa. O que há é um conjunto de jogadores que se reúnem todos os fins-de-semana para jogarem em nome do Benfica sem que para isso revelem o mínimo de atributos para envergarem tão gloriosa camisola. O historial do clube merece outros protagonistas, porventura menos afamados, mas mais briosos e com sangue na guelra. Haja alguém que dê um murro na mesa e saiba mostrar a estes rapazes que as coisas têm que mudar e depressa. E já agora não atirem todas as responsabilidades para cima de Koeman. É verdade que o holandês não está isento de culpas mas é bom que outros se cheguem à frente no repartir do insucesso. Jogadores e dirigentes têm contribuído, e de que maneira, para este descalabro. Deseja-se por isso ponderação e bom senso na análise da situação, uma vez que é imperioso encontrar soluções eficazes que ponham termo a esta espiral de derrotas em que o Benfica se deixou enredar.