sábado, fevereiro 12, 2005

O ensino individualizado.

Hoje debruçar-me-ei sobre um dos mandamentos acérrimamente defendido pelas modernas teorias pedagógicas que apesar de bem intencionado, é perfeitamente irrealista face às condições que temos nas nossas escolas: refiro-me ao tão propalado ensino individualizado. Segundo esta perspectiva educativa, as diferenças individuais exigem a individualização do ensino. Se assim não for, como é respeitada a individualidade de cada aluno? Como é orientada a sua liberdade? Como é exercitada a sua autonomia? Como é estimulada a sua capacidade de comunicação? Como é, enfim, desenvolvida a sua personalidade? O ensino individualizado exige que se atenda, não aos resultados ou ao rendimento do aluno, mas ao próprio processo de aprendizagem, de tal modo que cada aluno possa encontrar ajuda necessária. A aprendizagem seria deste modo, adaptada ao ritmo do aluno: às suas capacidades, às suas potencialidades, às suas aptidões, aos seus interesses, às suas motivações, aos seus afectos, aos seus problemas, às suas carências, etc.
Este seria com certeza o ensino ideal mas é perfeitamente utópico tendo em conta a nossa realidade escolar: turmas grandes e heterogéneas; programas e objectivos a cumprir em tempo reduzido; falta de materiais didácticos adequados; inclusão de alunos com necessidades educativas especiais; problemas disciplinares de vária ordem...e por aí adiante.
Sendo assim, é bom que pais e alunos se consciencializem que o ensino tradicional perdurará por muitos anos sem que haja outra solução no horizonte ( por muito que algumas escolas tentem provar o contrário - Escola da Ponte ou colégio de Vizela ). Continuaremos a ter o professor como veículo transmissor de conhecimentos, tentando ensinar todos os alunos com os mesmos métodos e com os mesmos meios, tendo os alunos de atingir os mesmos objectivos e adquirir os mesmos conhecimentos, trabalhando ao mesmo ritmo e demorando o mesmo tempo. E se passado esse tempo, não alcançou os objectivos determinados, por força administrativa terá de os adquirir, sob pena de ficar a marcar passo ano após ano, com as inevitáveis consequências dramáticas para o seu futuro. Fugir desta realidade é acreditar no Pai Natal.